quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Duzentos mil... e contando...

Se passaram exatamente cinco meses desde a publicação, neste blog, daquele outro texto a que chamei de "Cem mil". Nesse período, muita pedra rolou morro abaixo e muita água (podre) passou incólume sob as pontes inalcançáveis que ligam margens e marginais.

Carregado por essas pedras e águas que poderiam ter sido controladas ou ao menos parcialmente contidas em suas evoluções, o número de mortes dos acometidos pelo vírus pandêmico, simplesmente, dobrou.

Enquanto isso, muitos se envolveram em fervorosos debates a respeito de medidas e atitudes com relação à doença. O, agora, pesquisador e estatístico, ocupante da cadeira do Planalto, sim, porque de acordo com suas pesquisas, "... pelo que sei. E esta pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo quanto é lugar.", menos da metade da população deseja ser vacinada.

E que rolem as pedras!

Testes ficaram armazenados a ponto de ter sua validade prorrogada para que não se perdessem, enquanto a população padecia e morria antes mesmo de ser testada. O ministro da Saúde, especialista em logística, não tinha controle disso. Aliás, não tem controle nem sobre seus atos, pau-mandado e subserviente que é.

O desdém e a negação da doença, principais características do tal desgoverno, da inaptidão, da incompetência e da desinteligência, continuam a matar indiscriminadamente, inclusive entre os fervorosos apoiadores do caos. Os contra as máscaras, os contra as vacinas e os contra a Democracia. Mas, "e daí?". Ninguém aqui é Jesus Cristo.

"Querem me tachar de genocida." Como assim? Que absurdo! Quem foi que disse que era só uma gripezinha? Quem foi que comemorou a suspensão dos estudos da vacina do Butantan? "Mais uma que Jair Bolsonaro ganha." Quem foi que chamou o País de maricas quando mais de 160 mil já haviam morrido? Quem foi que defendeu insistentemente o uso de remédio sem comprovação científica? Quem foi que convocou manifestações antidemocráticas para causar aglomerações? Quem foi que jogou a responsabilidade das ações contra a Covid para prefeitos e governadores? Quem foi contra o isolamento social apoiado na vã filosofia de que todos morreremos um dia? Quem é que diz que a pandemia é superdimensionada pela imprensa "canalha"?

Genocida!?

Que passem as águas, enquanto enterramos e choramos nossos mortos e compartilhamos da dor de cada familiar e amigo desses mais de duzentos mil que se foram, vítimas da podridão delas.