Se passaram exatamente cinco meses desde a publicação, neste blog, daquele outro
texto a que chamei de "Cem mil". Nesse período, muita pedra rolou morro
abaixo e muita água (podre) passou incólume sob as pontes inalcançáveis
que ligam margens e marginais.
Carregado por essas pedras e águas
que poderiam ter sido controladas ou ao menos parcialmente contidas em
suas evoluções, o número de mortes dos acometidos pelo vírus pandêmico,
simplesmente, dobrou.
Enquanto isso, muitos se envolveram em
fervorosos debates a respeito de medidas e atitudes com relação à
doença. O, agora, pesquisador e estatístico, ocupante da cadeira do
Planalto, sim, porque de acordo com suas pesquisas, "... pelo que sei. E
esta pesquisa que eu faço, faço na praia, faço na rua, faço em tudo
quanto é lugar.", menos da metade da população deseja ser vacinada.
E que rolem as pedras!
Testes
ficaram armazenados a ponto de ter sua validade prorrogada para que não
se perdessem, enquanto a população padecia e morria antes mesmo de ser
testada. O ministro da Saúde, especialista em logística, não tinha
controle disso. Aliás, não tem controle nem sobre seus atos, pau-mandado
e subserviente que é.
O desdém e a negação da doença, principais
características do tal desgoverno, da inaptidão, da incompetência e
da desinteligência, continuam a matar indiscriminadamente, inclusive
entre os fervorosos apoiadores do caos. Os contra as máscaras, os contra
as vacinas e os contra a Democracia. Mas, "e daí?". Ninguém aqui é
Jesus Cristo.
"Querem me tachar de genocida." Como assim? Que
absurdo! Quem foi que disse que era só uma gripezinha? Quem foi que
comemorou a suspensão dos estudos da vacina do Butantan? "Mais uma que
Jair Bolsonaro ganha." Quem foi que chamou o País de maricas quando mais
de 160 mil já haviam morrido? Quem foi que defendeu insistentemente o
uso de remédio sem comprovação científica? Quem foi que convocou
manifestações antidemocráticas para causar aglomerações? Quem foi que
jogou a responsabilidade das ações contra a Covid para prefeitos e
governadores? Quem foi contra o isolamento social apoiado na vã
filosofia de que todos morreremos um dia? Quem é que diz que a pandemia é
superdimensionada pela imprensa "canalha"?
Genocida!?
Que
passem as águas, enquanto enterramos e choramos nossos mortos e
compartilhamos da dor de cada familiar e amigo desses mais de duzentos
mil que se foram, vítimas da podridão delas.