sábado, 15 de maio de 2021

Dando a Letra


Mano do céu! O barato é louco e o processo é lento. Cê tá ligado no movimento? Não? Cara, então vou te dar a letra.

Diz que tá rolando mó treta lá na Capital. Só vê neguinho no corre, de um lado pro outro, procurando brecha pra cair fora das arenga braba. Tem até milico grandão pedindo pano pra ficar de bico calado pra não ramelar no papo na frente dos astutos.

Enquanto uns falam: "cola em mim que eu te garanto", outros arrastam metendo o louco com uma pá de mentiras pra cima dos mano que chamam no papo reto.

E o presida!? Cheio de caô pra cima de nóis. Metendo o biruta enquanto dá ruim pra rapaziada  sem pico e sem trampo. O cara tá na Disney. Se pá, só colando o mano na grade pra ver se vira.

Na boa? Nessas horas não pinta um maluco pra jogar a real. Só brota uns mané falando "vem com o pai", mas o que pega memo é correr na subida sem rango nem xepa pra rebolar o queixo.

Enquanto isso, vai vendo, bem na manha, bem na maciota, os burgas, de rolê, só metendo a mão na grana, lançando logo umas doze carreiras pros mauricinhos e patrícias. E eles lá. Festona boa, e a lousa cheia de giz. "Apaga a lousa, mané!". Ainda têm a manha de mandar na self um tamo junto traíra.

E a galera da rua, aquela que manda um salve só pra quem é, ainda se vira, na febre e no atropelo, pra se garantir. Cê é louco, tio! Pra esses mano não tem tempo ruim. Pode pá que quem é do sereno dá seus pulo e faz seus corre pra sobreviver.

E é isso memo! O barato é louco, mas aqui ninguém tá tirando. Quem é, continua mandando a real e encarando a sua luta. Salve, rapaziada! É nóis!


 

5 comentários:

  1. Sensacional, nossa vasta língua informal, que as vezes curtas, porém, com grande significado oculto.

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    1. Obrigado, meu irmão. Me remete às boas conversas de um velho amigo nosso. rs rs

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  2. Salve, Samuca!

    A arte tem a propriedade de nos surpreender. Seu texto surpreende. É um retrato preciso dos acontecimentos que estamos vivenciando nesse início de CPI da covid. A linguagem coloquial veio num momento apropriado, pois a linguagem culta se tornou estéril nesse país que está aceitando como natural o sofrimento e a miséria.
    O interessante do seu escrito é que você "dá a letra" para os políticos e a elite do país. O recado é na "lata", claro, preciso: o povo da periferia não é trouxa, está quieto mas em grande medida consciente do que está acontecendo. Eles que fiquem espertos!

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  3. Obrigado, amigo. Tive que recorrer a alguns amigos mais jovens. Confesso a ferrugem impregnada nesse meu dialeto.

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  4. Parabéns Samuel, é isso aí,.mandou bem.
    Entendedores entenderão.

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